28/05/2020

VILA VIÇOSA - O CASTELO

 Acabamos de almoçar e vamos passear pela Vila a caminha da Igreja de S. João Evangelista. E está quase a chover de novo.



Eu não dizia...
 Na Praça da República ergue-se este templo seiscentista, também conhecido como Igreja do Colégio ou de São Bartolomeu, edificado por ordem dos Duques de Bragança (1636), para acolher o colégio jesuíta de São João Evangelista, fundado anos antes, em 1601.
A imponente fachada, revestida com os mármores da região, é rasgada por três ordens de janelas e o mesmo número de portais, ladeados por colunas dóricas.
Flanqueada por duas torres sineiras quadrangulares, conta ainda na fachada com o relógio ali colocado em 1822 pela autarquia.
No seu interior, o templo é um exemplar clássico da arquitectura barroca, destacando-se o retábulo do altar-mor feito em talha dourada pelo calipolense Bartolomeu Gomes em 1726.
Pessoalmente achei a Igreja com um exterior feio. O mármore está feio, a fachada está a precisar de uma boa limpeza e as duas torres sineiras terminam tão abruptamente que parece terem ficado por acabar





imagens do interior da Igreja. O altar principal
Os vários altares laterais












 Já na rua, temos aqui numa esplanada de baixo de árvores a estátua de Bento de Jesus Caraça. Na base desta estátua, uma citação que não consegui fotografar porque estava a chover e estávamos todos amontoados à volta dela. " Se não receio o erro, é porque estou sempre pronto a corrigi-lo. " Bento de Jesus Caraça.
Aqui a estátua de homenagem ao doutor João Augusto do Couto Jardim. João Augusto foi segundo as palavras do guia, o João Semana de Vila Viçosa.  Grande benemérito da cidade, ele tratava toda a gente, não cobrava consulta aos mais pobres e muitas vezes ainda lhes pagava do seu bolso a medicação. Tão benemérito, que o dia do seu nascimento é o feriado da vila. E ele nasceu a 16/8. Sabendo-se que o dia 15/8 é feriado nacional, em Vila Viçosa há sempre dois dias de feriado seguidos. E continua a chover.


Base da estátua com os dados do doutor


Parte de trás com gente nua, que significa os deserdados da fortuna. Pessoalmente e pese o seu significado eu achei a estátua muito estranha. Especialmente quando se está a uma certa distância, para quem vem  pela parte de trás parece um gigantesco coelho erecto.  

Ao fim da Avenida , com o Castelo ao fundo, o busto de Florbela Espanca.Aqui em volta do busto o grupo de colegas cantou o poema
Amar.
 Foi giro, a chover quase torrencialmente mais de  50 pessoas a cantar o poema da Florbela.
Eu fiquei um pouco mais longe, à espera que abalassem para fotografar o busto.  Sim porque do jeito que eu canto se me juntasse ao grupo, só para não me ouvir S. Pedro podia fazer redobrar a chuva.
E já se vê o Castelo.
Bom, lá vamos nós.
Já estamos dentro das muralhas.
Aqui o cruzeiro, ao fundo o Santuário Mariano  de Nossa Senhora da Conceição. Onde está a imagem que D. João IV coroou Rainha de Portugal. E que mantém o titulo apesar de Portugal ser uma democracia. E por agora deixou de chover.
Aqui esteve o Papa João Paulo II conforme prova este busto.
Entrei na Igreja, mas na entrada está, um aviso que proíbe fotos com máquina e telemóvel, e contrariamente à maioria das colegas que parece que não sabem ler, eu gosto de respeitar as ordens. pelo que não posso mostrar-vos o seu interior
 

Mesmo ao lado da Igreja fica o cemitério.
E nesta campa, repousam os restos mortais de Florbela Espanca.

Já de volta para o autocarro antes que desabasse a chover, ainda deu para fotografar as centenárias oliveiras.
Segundo nos disseram têm quase 300 anos




E já no autocarro dizemos adeus ao Castelo, quando volta a chover intensamente.

26/05/2020

E LÁ VAMOS NÓS CONHECER UM POUCO DA VILA A CAMINHO DO CASTELO



Públia Hortênsia de Castro foi uma das mais notáveis e célebres figuras do humanismo português. Dotada de uma erudição sem par e de um talento extraordinário, impôs-se entre os maiores intelectuais do seu tempo. Aprendeu as primeiras letras em Vila Viçosa. Depois sob a proteção do Arcebispo de Évora D. José de Melo, seu familiar, matriculou-se na Universidade no Curso de Filosofia. Aos 17 anos espantava os seus professores com a sua capacidade de raciocínio. Mais tarde na Universidade de Coimbra, cursou Retórica, Humanidades e Metafísica. Em 1571 nas provas finais para o grau de licenciada, espantou os próprios mestres e o prodígio espalhou-se pelos sábios estrangeiros.
Foi a primeira mulher portuguesa a licenciar-se, numa época em que a Universidade estava vedada às mulheres. Talvez por isso alguns dizem que ela frequentou a Universidade vestida de homem.
Foi escritora e uma mulher muito avançada para o seu tempo. Talvez por isso. com pouco mais de 30 anos, desiludida da vida e farta da ingratidão humana, entrou para o Convento do Menino Jesus da Graça em Évora, onde a morte a encontraria em 1595. Tinha 47 anos.



Um lago em frente da estátua de Públia.


Por esta estrada se vai ter ao Castelo. Estou sozinha o grupo dispersou-se enquanto aguarda a hora da visita.
Voltei para trás e sigo por esta rua.



Saio em frente ao Museu do Estanho, que não vamos poder ver, por falta de tempo.


Um pouco mais à frente esta bela fachada,Seria uma bela casa para o museu Florbela Espanca que o Município anda a tentar abrir. Estou precisamente na rua que tem o nome da poetisa.


Reparem, não é linda?


Olho o relógio. Se andar bem ainda posso percorrer mais umas ruas. Não vejo uma única professora. Tem estado a chover, devem estar nalguma pastelaria, até porque saímos cedo do Barreiro. Sigo em frente.


Gosto destas casas brancas e azuis, ou brancas e amarelas. Ao fundo parece haver uma igreja.
A rua vai ficando mais estreita.
E já cá estou. Este belo portal pertence à antiga Igreja e Convento de Santa Cruz, hoje transformado no Museu de Arte Sacra.
Também  não faz parte desta visita. Talvez para a próxima. Quem sabe no próximo ano.
 Volto por outra rua, caminhando em sentido contrário ao automóvel.
E deparo-me com a Casa Museu  Bento de Jesus Caraça. Para quem não sabe, este senhor foi um matemático português. Professor Universitário, ele foi um grande opositor do regime ditatorial de Salazar. Era militante do Partido Comunista Português.
Infelizmente é mais um que não vamos poder ver.


Já no largo do Paço um olhar para um canteiro de rosas e outro para o Palácio de que já mostrei tudo o que me deixaram fotografar






E fico aqui no largo do Paço Ducal à espera do grupo para irmos ao  Castelo.
Mas isso fica para o próximo post.





25/05/2020

VILA VIÇOSA - DONA CATARINA DE BRAGANÇA



Antes de sair do Paço Ducal, e mostrar um pouco mais do que vi em Vila Viçosa, vou falar-vos de alguns factos que talvez não sejam novidade para vós mas que eu desconhecia e nos foi dito pelo guia na visita ao palácio.

Vou falar da Infanta, Dona Catarina de Bragança, filha do rei  D. João IV de Portugal, o fidalgo da casa de Bragança, que Restaurou a Independência de Portugal, acabando com o domínio dos espanhóis, que como sabem nos governaram durante 60 anos, e que por esse facto, viria ser aclamado Rei de Portugal e do Algarve, e que viria a iniciar a quarta dinastia que terminaria em 1910, com a Implementação da República. Mas não é dele que vou falar e sim da sua filha Dona Catarina de Bragança, que se casou com o Rei D. Carlos II de Inglaterra.
O que nos disseram é que Dona Catarina, tinha recebido uma educação esmerada, era uma mulher muito culta e foi a esta rainha (que na verdade nunca foi coroada como tal, por ser católica, e também por não dar descendência ao rei) que mudou a vida dos ingleses.
Foi ela que introduziu em Inglaterra, o uso dos talheres. Até à sua chegada, os ingleses, incluindo nobres e o próprio rei, comiam com a mão, usando o polegar, indicador e dedo médio para introduzir a comida na boca. É claro que eles já conheciam o garfo, mas este era apenas usado na cozinha para trinchar a carne. Dona Catarina estava habituada a usá-lo e ao fazê-lo em breve era imitada por todos. Primeiro pela corte, depois pelo próprio povo. Também nos disseram que o célebre  "five o clock tea" o chá das cinco que eu sempre pensei que era de origem inglesa, foi um costume introduzido na corte por esta rainha. Segundo o guia, a rainha teria sido informada que o rei se encontrava com as suas aventuras por volta dessa hora, pelo que Dona Catarina passou a organizar um chá a essa hora a que teriam de comparecer todas as damas da nobreza, inviabilizando assim os encontros clandestinos. Também o uso do chá, já era conhecido em Inglaterra que o compravam aos holandeses, como uma panaceia para todas as doenças. Dona Catarina porém deu-lhe o uso social.  A partir dessa época passou a ser visto como um ato de cultura, e educação. Daí nasceu a tal expressão para designar as pessoas rudes, ou mal criadas como tendo falta de chá. Mais diz-se que o próprio nome que os ingleses dão ao chá, foi de Portugal. Parece que a rainha só bebia chá que lhe era enviado de Portugal. O chá que o país trazia do oriente e lhe era enviado em caixas nas quais eram inscritas as palavras Transporte Ervas Aromáticas. O sentido prático dos ingleses utilizou apenas as iniciais TEA.
Dona Catarina terá introduzido também as compotas, o tabaco, as caixinhas de rapé, os pratos de porcelana, os ingleses usavam-nos de ouro ou prata, que não eram nada higiénicos. Ou seja Dona Catarina, levou a civilização para Inglaterra.



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