26/10/2018

RUINAS ROMANICAS DE S. CUCUFATE - PASSEIO DE ESTUDO.


Em S. Cucufate, ( nome esquisito deste Santo, que estará sepultado em Barcelona e cujo nome lá é San Cugat. Não vou estar a cansar-vos com a sua história, mas se estiveram interessados AQUI  tem toda a sua história.) Adiante. Em S. Cucufate, vamos ver as ruínas de uma villa romana (villa, casa senhorial, não villa no sentido de classificação portuguesa.)
Então, neste local, existem três fases de construção desta villa, embora quase tudo o que vemos seja da última fase, pois das primeiras duas resta apenas alguns muros.  A primeira fase, datará do século I, e terá sido edificada sobre uma ocupação do período Neolítico final.
Este edifício foi reconstruído na primeira metade do século II, com planta centrada em peristilo, e terá sido destruído em meados do século IV. Então por volta do ano 360 d.C. foi então erguida esta magnifica vila palaciana que vamos visitar.
Quando entramos, e embora o nosso olhar abarque logo o complexo da villa, este primeiro edifício é o templo. Dedicado é claro a deuses pagãos, foi cristianizado no século V tendo sido efetuados alguns sepultamentos no seu pórtico envolvente.

 Eis a localização do templo na planta.

Foi-nos dito que estas serão das ruínas românicas mais importantes da península Ibérica por se tratar de ruínas de Villa com mais de um piso, A construção é enquadrada por dois corpos com robustos contrafortes que se ligam por meio de arcadas. Três pequenas escadas  sobem a um comprido palco, descoberto onde os donos da casa aguardavam as visitas.
Deste patim logo em seguida, entrava-se numa espaçosa galeria, cuja abobada ruiu, vendo-se ainda nos extremos os seus arranques. Outras salas com abobadas de berço ficavam por trás desta nave servindo de armazém.

 .

 Ao piso de cima subia uma só escada, estreita e íngreme para um edifício de tão elaborada arquitetura. Uma varanda comprida, guarnecida de madeira, corria ao longo da fachada a ao nível do piso superior.
Como podem ver, algumas partes do edifício,estão com andaimes. Quisemos saber porquê. A guia explicou que na altura das descobertas, os arqueólogos que dirigiram o trabalho, usaram aquelas estruturas para evitar que as intempéries,  acabassem derrubando os arcos.
  Segundo a nossa guia, neste edifício além da casa situada a sol nascente, de jeito a receber a luz do sol mal ele despontasse no horizonte, seguia-se em toda a parte de baixo, os celeiros, lagar do vinho  e adega. Segundo ela terá sido aqui que nasceu o tão famoso vinho da talha, que como sabemos foi introduzido em Portugal pelos romanos.~
Aconselho uma visita a este site, para terem uma ideia do que seria a grandiosidade desta construção. AQUI
 Esta espécie de piscina em frente ao edifício principal,  era um tanque imenso, onde chegava por por um canal a água que saía da piscina sempre que era renovada, para ser utilizada na rega dos campos. O que nos leva a crer que eles já se preocupavam com a poupança da água.



 Aqui uma porta que daria para a adega.
 Ora bem, segundo parece com as grande invasões bárbaras, e a consequente expulsão romana, toda esta enorme construção terá sido abandonada e mais tarde por aqui terão talvez estado os muçulmanos, embora não se saiba ao certo o que aconteceu desde que foi abandonado pelos romanos até ao século IX, data provável da instalação de um convento de frades na Villa. Sabe-se contudo que em 1254, se criou a paróquia de S. Cucufate no Convento e se entregou a mesma ao Mosteiro de S. Vicente de Fora, que em data desconhecida o entregaram aos frades de S. Bento. A comunidade monástica viria a abandoná-lo no século XVII permanecendo nela apenas um frade ermitão. Pensa-se que a capela funcionou até ao século XVIII altura em que ele terá morrido. A instalação dos frades nesta villa romana, terá dado origem à povoação Vila de Frades, que se crê tenha recebido o primeiro foral no século XIII. Infelizmente este documento foi perdido, pelo que D. Manuel I lhe atribui um segundo foral a 1 de Junho de 1512.
Esta é a porta de entrada para a capela situada na zona da adega. Mas antes de entrar ainda queria mostrar-vos mais uma coisa.


 Conduta de água para a casa,
 E pronto já entrámos na capela. Esta parte é uma zona de muitas colunas, infelizmente na outra foto em que tentei mostrar várias, "o meu sabonete" não se portou à altura e a foto não saiu apresentável. E pronto estamos na zona da capela.


 Duas imagens com as pinturas do teto.
 A pintura do altar está muito deteriorada.

 Cá temos de novo uma estrutura metálica para manter intacto um arco .
 Esta seria a zona da casa de jantar.
 A zona da piscina
 Estas construções na parte de trás, separadas do complexo principal, seriam as instalações dos serviçais.


 E vamos subir a escada que nos vai  conduzir  ao piso superior da casa, deste rico senhor.
 Deste local, onde seria o salão nobre, vêem-se as dependências inferiores e tem-se uma esplêndida vista para as termas da família.

 Pronto aqui está a zona termal. A propósito, vocês sabiam que aqui havia uma pedra mármore na parte superior da digamos sanita, embora naquele tempo ela não existisse ainda. Bom do recipiente, onde as pessoas se aliviavam. Pois havia um empregado cujo trabalho era ter sempre a pedra mármore à temperatura do corpo, para que os senhores, não pusessem o seu rabiosque na pedra fria?
Uma curiosidade, Crê-se que aquela oliveira será contemporânea da villa.

  E pronto chegámos a zona agrária. Este era um senhor muito rico com uma zona de muito quilómetros de vinho e azeite, ou melhor vinhas e olivais.  Teria decerto além de muitos serviçais, gado e utensílios vários e daí estas instalações agrárias logo depois das casas dos trabalhadores. Esta zona que aparece aqui com estes dois pedregulhos era o lagar do azeite. E estas duas pedras que pesarão toneladas, não estavam aqui para decoração. Que o azeite se faz da azeitona todos sabemos. Hoje há máquinas para tudo. Mas numa época em que não existiam como se faria o azeite? O vinho era fácil, pisa-se a uva toda a gente sabe, embora hoje, já quase se use a pisa apenas como atração turística. Mas e o azeite? Então estas duas pedras eram exatamente para esmagar as azeitonas. Naquele encaixe. que se vê na pedra encaixava uma peça que por complexo processo as faziam rodar, esmagando assim as azeitonas.
E aqui era o cemitério.

Por aqui a visita terminou, espero não me ter esquecido de nada, resta-me só mostrar-vos uma outra oliveira também milenar que se encontra logo na entrada, mas na qual não reparamos, pois viemos logo direcionados para as ruínas


Cá está ela. Reparem no tronco seco e carcomido. No entanto a oliveira apresenta-se surpreendentemente verde e carregada de azeitonas.

E pronto espero que tenham gostado do passeio.







23/10/2018

GERÊS EM TEMPO DE CHUVA

Mais uma vez, eis o Gerês. Aqui em tempos de chuva

Painel de azulejos no interior do novo santuário de S. Bento da Porta Aberta
Interior do novo santuário construído em 2002.

Altar do antigo santuário. É o único altar que conheço, em Portugal, com acesso aos fiéis, que podem tocar a imagem do santo, lá em cima.

S. Bento da Porta Aberta. O maior santuário não mariano do país. Este é o santuário antigo. Por se ter tornado insuficiente, foi construído um moderno santuário, mesmo ao lado do antigo.

Uma das duas pontes sobre o rio Caldo.
O rio e a serra.
Uma Cascata

Ainda o rio com toda a impetuosidade de um dia de chuva.

O rio rasgando a serra

A Portela. Como chovia muito, a foto foi tirada de dentro do carro

A fronteira com Espanha - Portela do Homem . Visível no antigo posto de controle, marcas de um incêndio.

Nas termas, um pequeno riacho junto ás casas

O esplendoroso verde do Gerês
E pronto. Por hoje é tudo. Porém outro dia voltamos ao Gerês. Garanto que ficou muita coisa para mostrar.







13/10/2018

QUINTA DA REGALEIRA




A Quinta Regaleira
Provavelmente os meus amigos portugueses conhecem. Eu não conhecia. Fui lá numa visita de estudo. 
A quinta é o resultado do sonho de um homem, Dr. António Augusto Carvalho Monteiro, que em 1893 comprou a quinta aos barões da Regaleira, concretizado por outro, o arquitecto e cenógrafo  italiano, Luigi Manini.
Não vou alongar-me na história da Quinta, uma busca pelo Google, e fica a saber tudo. E na própria visita é distribuído um folheto bem explicativo do local. Cliquem nas fotos para uma melhor visão do seu esplendor.











 O palácio, que na verdade era apenas a residência de férias de Monteiro Carvalho, conhecido na época pelo Monteiro dos Milhões, pela sua enorme fortuna, proveniente das minas que seu pai possuía no Brasil

 Orfeu, o Deus da música e da poesia, um dos nove residentes do passeio dos Deuses.


 Na parte superior ao Passeio dos Deuses, este magnifico banco, oferece ao visitante uns momentos de descanso.

 O lago da Gruta, terá segundo o guia, sido construído para ser a piscina de Monteiro Carvalho


 Ali ao lado, o Balneário, em obras de conservação, e este magnifico banco

Aqui uma fonte. que nos remete para a cenografia do arquitecto, pois se assemelha a uma cena cinematográfica, muito embora possa ter várias interpretações. A fonte encimada por 2 golfinhos arcaicos tem por cima uma balança, símbolo da justiça, que termina com duas fitas que se assemelham a serpentes, símbolo do pecado, mas também do conhecimento. Mais acima uma concha que simboliza o renascimento e dentro do circulo as iniciais de Monteiro Carvalho. Será? Ampliando a foto vão reparar que as pernas do M formam um peixe. E todos sabemos que o peixe é o símbolo dos primeiros cristãos. Então será que o MC quer dizer Monteiro Carvalho, ou Maria e Cristo? Rematam a fonte dois obeliscos.


 Por todo o lado, belas flores salpicam de cor o verde da mata.


 Por entre o verde surge exuberante a torre da capela.  Iremos lá mais tarde.


 A torre da Regaleira. Da cimo, com acesso por uma escada em caracol, podemos ter uma panorâmica de 360º

 O poço iniciático,  de 27 metros de altura, com uma enorme escadaria que poderá simbolizar o ventre materno, mas que terá também outras simbologias, nomeadamente a maçónica, ou se pensarmos nele como uma espécie de Torre de Babel, invertida, será um espaço de intensificação da relação entre a Terra e o Céu.  Este será sempre um mistério interpretado por cada um à sua maneira, já que Monteiro Carvalho, não deixou nada escrito, que nos diga o que ele tinha em mente com esta construção.  Ao contrario de outras fotos espalhadas pela net este está fotografado de baixo para cima, pois a entrada oferecida pelo guia, aos grupos seniores é a subterrânea, o que se justifica pela dificuldade de subir à entrada superior e descer os mais de 300 degraus de escada. 


 O Lago da Cascata

 Reparem nas rochas. Tudo é artificial, isto é construído pelo homem, e simultâneamente estas rochas parecem naturais, com desenhos formados pela água. E na realidade são naturais. Elas foram retiradas da Costa marítima de Peniche e "implantadas" aqui.

 Este lago não é muito profundo. 80 cm de água. Ao fundo emergem um passadiço de pedra para quem queira sair das grutas por elas. São muito utilizadas pelos mais jovens, a nós aconselharam-nos a não fazê-lo

Várias construções emergem entre o arvoredo.

 Esta porta dá acesso único ao púlpito na capela.  O que é curioso. Imaginem o sacerdote, dando a missa e depois de ler o evangelho sair para entrar no púlpito e fazer a homilia. 



Parte superior da Capela neomanuelina, tem como tema central Maria, com as cenas da Anunciação e Coroação de Maria.


Sob o tecto da entrada este símbolo. À Cruz sobrepõe-se um triângulo.  
Símbolo maçónico? Sim, mas também o símbolo da Santíssima Trindade. 
E sobre ele o "Olho de Deus"

 Altar e tecto da Capela. Sobre o altar um quadro da Coroação da Virgem, e ladeando o altar, duas portas. Uma daria lugar a um pequeno aposento onde o sacerdote se vestiria, a outra dava para a rua, e serviria para ele sair e entrar para para o púlpito.


E cá está ele, o púlpito. Ao lado uma pintura de Santo António no sermão aos peixes.


Frente ao púlpito este belo vitral com a representação do milagre da Nazaré. Em Sintra? Seria Carvalho Monteiro devoto da Senhora da Nazaré?
 O belo chão de mosaico, remete-nos aos descobrimentos.

 Perto da capela este belíssimo banco


 Já no Castelo, a Chaminé de uma das salas.
 Parte superior da chaminé onde se podem observar cenas de caça, na pintura e na pedra.
 O chão do Hall de entrada
De uma das janelas, observa-se o castelo dos Mouros.


E pronto . Isto é um pouco daquilo que podem ver. Mas há muito mais que ficou para uma segunda visita, pois o nosso horário não permitia mais. O ideal é passar lá o dia. Espero que tenham gostado.
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