28/07/2020

S. CUCUFATE

Ora bem depois de vos ter mostrado vários posts do museu da Vidigueira, e embora ainda não tenha dito tudo sobre ele, (tenho que deixar alguma coisa para descobrirem se resolverem fazer uma visita, não é mesmo?) permito-me dizer-lhes que a Vidigueira, não é só terra de bons vinhos, nem o seu interesse se remete apenas ao Museu.
Em S. Cucufate, ( nome esquisito  o deste Santo, que estará sepultado em Barcelona e cujo nome lá é San Cugat.) Não vou estar a cansar-vos com a sua história, mas se estiveram interessados AQUI  tem toda a sua história. O o que a lenda diz dele.  Adiante. Em S. Cucufate, podemos ver as ruínas de uma villa romana (villa, casa senhorial, não villa no sentido de classificação portuguesa.)
Então, neste local, existem três fases de construção desta villa, embora quase tudo o que vemos seja da última fase, pois das primeiras duas resta apenas alguns muros.  A primeira fase, datará do século I, e terá sido edificada sobre uma ocupação do período Neolítico final.
Este edifício foi reconstruído na primeira metade do século II, com planta centrada em peristilo, e terá sido destruído em meados do século IV. Então por volta do ano 360 d.C. foi então erguida esta magnifica vila palaciana que vamos visitar.
Quando entramos, e embora o nosso olhar abarque logo o complexo da villa, este primeiro edifício é o templo. Dedicado é claro a deuses pagãos, foi cristianizado no século V tendo sido efetuados alguns sepultamentos no seu pórtico envolvente.

  A vermelho a  localização do templo na planta da villa.


Diz-se que estas serão das ruínas românicas mais importantes da península Ibérica por se tratar de ruínas de Villa com mais de um piso, A construção é enquadrada por dois corpos com robustos contrafortes que se ligam por meio de arcadas. Três pequenas escadas  sobem a um comprido palco, descoberto onde os donos da casa aguardavam as visitas.
Deste patim logo em seguida, entrava-se numa espaçosa galeria, cuja abobada ruiu, vendo-se ainda nos extremos os seus arranques. Outras salas com abobadas de berço ficavam por trás desta nave servindo de armazém.
 .

 Ao piso de cima subia uma só escada, estreita e íngreme para um edifício de tão elaborada arquitetura. Uma varanda comprida, guarnecida de madeira, corria ao longo da fachada a ao nível do piso superior.
Como podem ver , algumas partes do edifício,estão com andaimes. Quisemos saber porquê. A guia explicou que na altura das descobertas, os arqueólogos que dirigiram o trabalho, usaram aquelas estruturas para evitar que as intempéries,  acabassem derrubando os arcos.
  Segundo a nossa guia, neste edifício além da casa situada a sol nascente, de jeito a receber a luz do sol mal ele despontasse no horizonte, seguia-se em toda a parte de baixo, os celeiros, lagar do vinho  e adega. Segundo ela terá sido aqui que nasceu o tão famoso vinho da talha, que como sabemos foi introduzido em Portugal pelos romanos.
Aconselho uma visita a este site, para terem uma ideia do que seria a grandiosidade desta construção. AQUI
 Esta espécie de piscina em frente ao edifício principal,  era um tanque imenso, onde chegava por um canal a água que saía da piscina sempre que era renovada, para ser utilizada na rega dos campos. O que nos leva a crer que eles já se preocupavam com a poupança da água.



 Aqui uma porta que daria para a adega.
 Ora bem, segundo parece com as grande invasões bárbaras, e a consequente expulsão romana, toda esta enorme construção terá sido abandonada e mais tarde por aqui terão talvez estado os muçulmanos, embora não se saiba ao certo o que aconteceu desde que foi abandonado pelos romanos até ao século IX, data provável da instalação de um convento de frades na Villa. Sabe-se contudo que em 1254, se criou a paróquia de S. Cucufate no Convento e se entregou a mesma ao Mosteiro de S. Vicente de Fora, que em data desconhecida o entregaram aos frades de S. Bento. A comunidade monástica viria a abandoná-lo no século XVII permanecendo nela apenas um frade ermitão. Pensa-se que a capela funcionou até ao início do século XVIII altura em que ele terá morrido. A instalação dos frades nesta villa romana, terá dado origem à povoação Vila de Frades, que se crê tenha recebido o primeiro foral no século XIII. Infelizmente este documento foi perdido, pelo que D. Manuel I lhe atribui um segundo foral a 1 de Junho de 1512.
Esta é a porta de entrada para a capela situada na zona da adega. Mas antes de entrar ainda queria mostrar-vos mais uma coisa.


 Conduta de água para a casa,
 E pronto já entrámos na capela. Esta parte é uma zona de muitas colunas, infelizmente na outra foto em que tentei mostrar várias, "o meu sabonete" não se portou à altura e a foto não saiu apresentável. E pronto estamos na zona da capela.


 As pinturas do teto. pinturas do teto.
 A pintura do altar está muito deteriorada.

 Cá temos de novo uma estrutura metálica para manter intacto um arco para manter de pé o edifício.
 Esta seria a zona da casa de jantar.
E aqui a zona da piscina
 Estas construções na parte de trás, separadas do complexo principal, seriam as instalações dos serviçais.


 E vamos subir a escada que nos vai  conduzir  ao piso superior da casa, deste rico senhor.
 Deste local, onde seria o salão nobre, vêem-se as dependências inferiores e tem-se uma esplêndida vista para as termas da família.

 Pronto aqui está a zona termal. A propósito, vocês sabiam que aqui havia uma pedra mármore na parte superior da digamos sanita, embora naquele tempo as sanitas não existissem ainda. melhor dizendo do recipiente, onde as pessoas se aliviavam. Pois havia um empregado cujo trabalho era ter sempre a pedra mármore à temperatura do corpo, para que os senhores, não pusessem o seu rabiosque na pedra fria.
Uma curiosidade, Crê-se que aquela oliveira será contemporânea da villa, o que a ser verdade lhe dá mais de 2000 anos.

  E pronto chegámos a zona agrária. Este era um senhor muito rico com uma zona de muitos quilómetros de vinho e azeite, ou melhor vinhas e olivais.  Teria decerto além de muitos serviçais, gado e utensílios vários e daí estas instalações agrárias logo depois das casas dos trabalhadores. Esta zona que aparece aqui com estes dois "pedregulhos" era o lagar do azeite. E estas duas pedras que pesarão toneladas, não estavam aqui para decoração. Que o azeite se faz da azeitona todos sabemos. Hoje há máquinas para tudo. Mas numa época em que não existiam como se faria o azeite? O vinho era fácil, pisa-se a uva toda a gente sabe, embora hoje, já quase se use a pisa apenas como atração turística. Mas e o azeite? Então, estas duas pedras serviam exatamente para esmagar as azeitonas. Naquele encaixe. que se vê na pedra encaixava uma peça que por complexo processo as faziam rodar, esmagando assim as azeitonas.
E aqui era o cemitério.

Por aqui a visita terminou, espero não me ter esquecido de nada, resta-me só mostrar-vos uma outra oliveira também milenar que se encontra logo na entrada, mas na qual não reparamos, pois viemos logo direcionados para as ruínas


Cá está ela. Reparem no tronco seco e carcomido. No entanto a oliveira apresenta-se surpreendentemente verde e carregada de azeitonas.

E pronto espero que tenham gostado do passeio.







13/07/2020

A SOCIEDADE RURAL ALENTEJANA ANTES DE 1974

Continuamos no Museu Municipal da Vidigueira
 Estas fotos dispensam grandes palavras, pois basta olhá-las e por elas imaginar como era a vida na altura.
 Um carrinho de bebé e um cesto que servia para compras, mas também como mala de viagem.
 A foto de uma ceifeira
 Aqui um enxoval de bebé
 Uma senhora de alta sociedade.
 Um cavalinho de madeira alegria de muitas crianças.
 Uma cama de bebé, e no chão uma boneca de porcelana.
 Peças em cetim, delicadamente bordadas.
  O Rosário, o Missal, uma touca de renda, um travessão e outras peças, tipicamente femininas.




 Uma mala de enxoval com bonitas peças bordadas. É evidente que se trata de peças de gente, com uma boa posição social.

 E aqui temos os objetos de uso masculino.


 A caderneta militar
 E um senhor impecavelmente vestido.
 Sabem o que isto é? Pois uma "banheira" que lembra aquelas que víamos nos filmes do velho Oeste americano.
 Um lavatório. Bom, até meados do século XX eram pouquíssimas as casas com casa de banho. E as pessoas tinham que se lavar, não é mesmo?
 E então aqui temos um móvel que durante a noite ficaria assim mas que de dia se se fecharia, e parecia uma cómoda. É a avó da sanita, que usamos hoje. Isto existia nas mansões dos grandes senhores.
 E na casa dos pobres havia um penico que se ocultava na parte inferior da mesa de cabeceira.
As fotos de uma família num artístico quadro feito em cortiça.

 Aqui diversas bolsas femininas feitas de retalhos.
 E a arma o cantil e outros objetos masculinos.
 E o móvel "toca-discos"
Espero que tenham gostado.
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