Cliquem nas imagens para poderem admirar os painéis.
A Gare marítima da Rocha do Conde de Óbidos, é um local cheio de história, por onde terão passado nos anos 60/70 a grande maioria dos mancebos portugueses. Por isso a grande maioria dos meus leitores portugueses, já os conhecem, mas eu não os conhecia, porque embora meu marido tivesse feito várias comissões por ser militar, como era fuzileiro sempre foi em barcos da Marinha Portuguesa, partia do Alfeite. O edifício da Gare Marítima, foi inaugurada em 1943. Terá sido construída, por dois motivos. Primeiro porque realmente fazia falta em Lisboa uma gare, já que os navios de passageiros não tinham um sítio decente onde desembarcar os seus passageiros. Segundo porque a Europa estava em guerra e Portugal que teoricamente era neutro, mas fornecia à Alemanha materiais como volfrâmio, açúcar e tabaco e por isso, Salazar precisava fazer algo que exaltasse o espírito português. Daí a construção desta sala de boas vindas, projetada e construída por portugueses, com mármores portugueses. Para dar maior realce, ao edifício foram encomendados painéis de pintura a Almada Negreiros. Estes painéis pintados eram uma inovação já que até aí eram sempre feitos em azulejos.
Almada Negreiros terá então pensado em lendas que exaltavam o espírito português e para isso começou por um tríptico, que conta a lenda da nau Catrineta, associada aos descobrimentos. No primeiro temos uma nau, com os marinheiros à mesa e os pratos vazios. Como sabem, na lenda, eles deitaram sortes para ver quem matariam, a fim de terem de comer. E logo a sorte foi cair no capitão que pede a um marujo, que suba ao mastro, para ver se via terra, numa tentativa de escapar da morte.
Nesta pintura se pode ver a nau, as três meninas e o cavalo.
Vencido o demónio pela fé do capitão, eis que chegam a terra. Esta pintura mostra a chegada a terra. Reparem que apesar desta lenda ser relativa aos descobrimentos, o pintor usou para "vestir" as pessoas, roupas da época. Anos 40.
Este painel representa o milagre da Senhora da Nazaré. Penso que todos conhecem a lenda, mas reparem na pintura. D. Fuas Roupinho está vestido com um traje de cavaleiro tauromáquico. Os pescadores e as mulheres têm igualmente roupas da época, apesar da lenda ser do século XII
Neste painel intitulado, "A terra onde nasci" vemos Lisboa. Todos sabemos que Almada Negreiros nasceu em S. Tomé e Príncipe, mas apesar de ter viajado muito, ele adotou Lisboa como a cidade do seu nascimento. Neste painel vemos que Lisboa nesta época era quase rural. Temos aqui uma igreja com um marujo e uma "sopeira" ele vestido da cor do mar, ela da cor da terra, um grupo de gente que pelas suas roupas serão burgueses fazendo um piquenique, um pequeno casario e as colinas nuas de edifícios. Conseguem imaginar Lisboa assim?
E agora temos outro tríptico com o titulo "quem nunca viu Lisboa, não viu coisa boa"
E neste primeiro temos as carvoeiras, Que Maria José Valério tão bem cantou, desembarcando o carvão das fragatas no Tejo.
E porque Lisboa sem o Tejo não teria o encanto que tem, neste painel o rio é exaltado, dando nome a um dos barcos.
Por último nesta pintura , se enlaçam a cidade e o rio, Lisboa representada pelo Castelo de S. Jorge e a igreja da Sé, o rio pelos barcos e os pescadores que separam as cavalas dos salmonetes.
Gostaram?
Gostei muito de apreciar estes painéis de Almada Negreiros e de toda a história que partilhou.
ResponderEliminarAbraço Elvira
Quando se fala em Almada negreiros, está tudo dito a nível de arte. Nunca tive a possibilidade de passar na gare embora tenha conhecimento da sua obra. Não fazia a mínima ideia da história da gare. Obrigada pela explicação.
ResponderEliminarSe fôr ao edificio principal da Gulbenkian, também encontrará mais trabalhos maravilhosos de Almada Negreiros.
Um abraço.
São magníficos!!!... Bj
ResponderEliminarO segundo prémino Nobel português, depois de Fernando Pessoa e antes de Saramago !
ResponderEliminarTemos que gostar, Elvira! Os painéis são maravilhosos e você ainda no traz, com eles, história. Bjs.
ResponderEliminarMuito interessante e informativo post, parabéns!
ResponderEliminarBeijinho amigo e bom final de semana
Painéis lindíssimos sem dúvida alguma
ResponderEliminar.
Feliz fim de semana
Son preciosas las pinturas, que forman grandes Murales.
ResponderEliminarBesos
Os painéis são belíssimos e conhecer a história é bastante prazeroso
ResponderEliminarbeijinhos querida Elvira
Uma revisitação pela obra irónica de Almada Negreiros , sempre surpreendente , sempre actual
ResponderEliminarBeijinho 🌲
Boa noite de paz, querida amiga Elvira!
ResponderEliminarImagens lindas e sua sensibilidade capta o melhor do que vê.
Tenha saúde em todos os níveis do seu ser!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Boa noite de luz, minha linda amiga Elvira!
ResponderEliminarLindos painéis!
Um adocicado sorriso!🐦😇🐦
Megy Maia🌈
Fatos históricos que aguçam a nossa imaginação através de imagens. Um forte abraço e uma boa semana.
ResponderEliminarOlá, Elvira!
ResponderEliminarOs painéis são lindos e adoro conhecer um a história com que você nos presenteia junto às imagens.
Um abraço querida.
Amiga Elvira, fico-lhe muito grata por esta excelente lição de história de arte.
ResponderEliminarOs blogues como o seu são fontes de cultura e saber.
Um beijinho
Fê
Boa tarde Elvira,
ResponderEliminarMaravilhosos os Painéis de Almada Negreiros que alindam a Gare Marítima de Alcântara.
Ainda não conheço, mas gostaria de os ver "in loco", apesar das suas fotografias serem excelentes.
Um beijinho.
Ailime