19/06/2016

ZANZANDO POR LISBOA


Hoje vou mostrar-vos um monumento que segundo as estatísticas, não é dos mais visitados em Lisboa, mas que vale bem a visita. Para quem vive em Lisboa, se reparar nesta paisagem (cliquem em cima para verem melhor) vão ver o castelo de S. Jorge na colina em frente. Logo eu estou precisamente na colina do Carmo. Já adivinharam que monumento vamos ver? É isso. O Convento do Carmo


Voltando as costas ao Castelo, tenho na minha frente esta bela porta. Fechada? Não a entrada é pelo Largo do Carmo . Vamos lá. Mas antes antes olhem lá para cima...


Uma janela a céu aberto? Adivinharam. Afinal esta arquitectura são as ruínas do monumento.
 Todas as fotos são minhas, excepto esta, que fui buscar à net. A que tirei, por estar muita gente ali nesse dia, não mostrava a entrada. Estamos no Largo do Carmo com o seu belo chafariz. Se olharem para o lado, verão os grandes portais verdes, do antigo convento, ocupado pela GNR. Aqui como todos os portugueses se devem lembrar, se refugiou Marcelo Caetano, na revolução do 25 de Abril, que pôs fim ao Estado Novo, e deu início ao regime democrático vigente. Então apesar de eu dizer que vamos visitar o Museu do Convento do Carmo, o que realmente vamos ver, são as ruínas da outrora Igreja do Convento.


Quando entramos deparamos-nos com um lance de escadas e esta magnífica vista a céu aberto. A sua construção foi iniciada em 1389, por ordem de D. Nuno Álvares Pereira em cumprimento de uma promessa, pela vitória na batalha de Aljubarrota. Em 1414 em sofrimento pela morte da filha, ele mesmo decide recolher a este convento, depois de doar todos os seu bens aos netos.


Impressionante a altura destas colunas. Compreende-se que tenha sido o principal monumento de raiz gótica da cidade de Lisboa. Terá sido uma igreja  de 3 naves, de cabeceira composta por uma abside central rodeada por dois absidíolos de cada lado, ou seja, uma abobada semi circular central rodeada por duas mais pequenas.  Este tipo de construção não é muito vulgar nos nossos monumentos medievais, porém não é exclusiva desta Igreja, pois podemos observá-la, nos conventos dos Franciscanos e das Clarissas em Santarém, e dos Dominicanos em Elvas e Batalha.

Mas porque é que este monumento se encontra neste estado? Se pensaram no Terramoto de 1755, acertaram. Como todos sabem, o terramoto que muitos historiadores dizem ter sido o mais intenso de toda a Europa ao longo dos séculos, destruiu praticamente toda a cidade, porque o que o terramoto deixou de pé, o tsunami que se seguiu, levou. Esta Igreja, situada no alto de uma colina, terá sido poupada ao tsunami. Porém o terramoto ocorreu como sabem no 1º de Novembro, dia de todos os Santos. O povo português sempre foi muito religioso, e nesse dia reverenciava os seus finados, pelo que as igrejas estavam cheias de velas acesas pelas alminhas dos que já tinham partido. Daí que depois do terramoto se tenha propagado um incêndio de grandes dimensões, que por exemplo neste convento tenha consumido mais de 5000 exemplares literários que compunham a sua biblioteca. Ou seja, onde não chegou o Tsunami, chegou o fogo.
Repararam que na nave lateral do lado esquerdo as janelas se encontram em perfeito estado? Pois esta nave é a que dá para o corpo do convento, posteriormente reconstruído, e desde a extinção das ordens religiosas em 1834, ocupado por forças militares.





E por hoje fico por aqui.  Fiquem atentos que vou continuar a "zanzar" por aqui.

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